domingo, 1 de agosto de 2010

MINHA FILHA É BIPOLAR

A Juju é uma dessas filhas que a gente adora, mas tinha horas que dava vontade de esganar. Quando era pequena, falava alto, contestava tudo, brigava com as irmãs, um terror. Me lembro que um dia, caminhando com mamãe, ela passou dos limites da mal criação.
__ Não trata sua vó desse jeito!
Dei-lhe uma porrada de cima pra baixo, pegou no ombro e ela quase caiu num bueiro que estava com a tampa quebrada. Se existisse essa tal lei da palmada eu estaria no xilindró.

Na adolescência ela não queria estudar. Você sabe, bipolar não gosta de burocracia nem de sistemas rígidos. E ela não aceitava fazer o que não gostava. Acabou arranjando um namorado em Búzios, encheu o saco pra que ele fosse trabalhar nos Estados Unidos, depois encheu o meu pra arranjar o dinheiro pra ela ir também - isso foi há 21 anos atrás. A Ju tinha 17 (imagine a crise dentro de casa!), mas está lá até hoje casada com o mesmo namorado.

Até fazerem suas vidas, eles comeram o pão que o diabo amassou com o rabo, mas acho que o ponto de ruptura foi o terremoto de Los Angeles. Dois dias depois ela me ligou e ainda chorava aterrorizada. Nunca ouvi alguém chorar daquela maneira. Mudou-se para Phoenix e, pelo menos na minha lembrança, foi a partir daí que ela começou a reclamar de depressões. O pior é que não conseguia achar um médico que se envolvesse o necessário para lhe dar um tratamento adequado. Passavam uns remedinhos e a situação continuava. Foi preciso encontrar um psiquiatra indiano em Phoenix para ter um diagnóstico preciso: bipolar.

A Juju se trata regularmente e tem uma vida normal, é muito alegre e espirituosa, embora o temperamento continue forte - uma vantagem para quem quer vencer na vida. Ela é um dos meus grandes orgulhos, principalmente porque trabalha na mesma profissão que eu, criou a capa do meu livro, o design deste blog e está sempre pronta a se juntar com o pai num desses novos empreendimentos que a gente inventa...

5 comentários:

  1. É isso mesmo, e aqui sou bipolar assumida. Falo pra todo mundo mas ninguém acredita. A reação das pessoas é sempre "Nossa, mas você é a pessoa mais equilibrada que eu conheço! e eu respondo "Você acha isso porque não mora na minha cabeça." Eu também sempre digo que o meu psiquiatra salvou a minha vida. Estou me tratando com ele desde 1994, só que eu acho que ele não é Indiano não. Não sei o nome do país mas acho que é dali por perto do Iraque.

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  2. Fui diagnósticada como bipolar,mais as vezes tenho dúvidas,sei que cada caso é um caso,mais gostaria de saber quais são os seus principais sintomas na depressão e na euforia.
    www.candice_batista disse...
    Outra pergunta um pouco indiscreta:Nas crises vc era violento,tinha alucinações e delirios ou tinha pensamentos violentos?

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  3. Bem, em primeiro lugar devo dizer que não sou médico, sou apenas um velho bipolar. Além do que possa dizer o seu médico, encontrei um livro bastante didático, que é Temperamento Forte e Bipolaridade, do Dr. Diogo Lara (Ed. Saraiva).
    Quanto à pergunta indiscreta, tudo aqui é indiscreto. Já fui violento sim, já pensei em bater em certas pessoas que via na rua, nem ao menos conhecia. Puro ilusionismo quanto ao suposto inimigo e quanto à minha própria capacidade física. E, sem dúvida alguma, os estados de euforia levam ao delírio.

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  4. Candice, na depressão: vontade de morrer, mania de perseguição, falta de ânimo, angustia, mau humor, ansiedade, etc. Fugi até de casa sem precisar. Na euforia: gastar muito dinheiro pensando que está rica (no meu caso gastei 7 mil dolares em um mês), idéias que não fazem sentido, etc. Em todos os estados: prisão de ventre, insônia, como disse meu pai também não aceito regras rígidas nem autoridades, sou contestadora, e mandona, sou criativa e falo alto. Durante o TPM sou violenta e tenho que me distanciar das pessoas pois tenho vontade de bater nelas. Já dei um tapa no meu marido num momento de raiva, mas hoje em dia consigo me policiar e apenas aviso a ele pra não chegar perto.

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  5. Minha filha era um doce até aproximadamente os 12/13 anos de idade..tinha personalidade sim, sabia o que queria, mas era muito educada e prestativa e sempre demonstrava seu amor..especialmente por mim (criei e eduquei sozinha pois fiquei viúva qdo ela era bebe...Com o tempo, apesar de conflitos normais e normas minhas em casa,que as vezes ela contestava,mas acabava respeitando, nosso relacionamento começou a mudar, e está piorando até hj (ela está com 19 anos)...já não sei o que fazer para ajudá-la e se realmente é um caso de bipolaridade, mas não consigo pensar em outra coisa...ela contesta tdo, só pensa no bem estar e prazer dela, parece me odiar...me trata mto mal e eu fico mto mal, pois passei mtas dificuldades para criá-la...ela não me 1 segundo de atenção nem para dizer como foi o dia dela e qdo responde é extremamente agressiva comigo como se me odiasse...ela diz que me ama, mas demonstra o oposto...mas com as outras pessoas, fora de casa age normalmente com educação e amabilidade...não sei o que pensar ou fazer, vivo um inferno hj pois não consigo entender essa mudança...me ajudem por favor...se for possível falarmos de maneira mais discreta me avisem para onde posso mandar um email...grata...Renata

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