terça-feira, 30 de novembro de 2010

HORA DE DAR UM TEMPO

Nervosia é um fator perigoso. Dor de cabeça, enxaqueca também. Violência, mesmo sendo verbal, só pode ser ruim. Quando esses incômodos começam a aparecer no meu dia a dia, geralmente é porque ando muito insatisfeito com a situação. E perco um pouco da concentração no trabalho. Por estar com a cabeça meio atrapalhada, me desorganizo, eu mesmo dificulto a resolução dos problemas, principalmente se envolverem ciências exatas, que nunca foram o meu forte.

Quanto mais cedo eu percebo melhor. Hora de dar um tempo, fechar o computador, ouvir música, ver um bom filme ou procurar o ar livre. E sono, bastante sono.

Se não der certo, médico. Simples assim.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CONVERSANDO SOZINHO

Você conversa sozinho, quando está trabalhando ou pensando na vida? E lá vem minha mulher:
__ Em que você está pensando?
__ Nada.
__ Você está conversando com quem, homem?
__ Coisa minha, me deixa.
Nada mais pessoal do que falar com os próprios botões, né não?

Quando eu era criança minha mãe já estranhava porque eu não lia as histórias em quadrinhos, eu falava com elas. E ria, dava cada gargalhada que era uma gostosura!
Mas tem certas situações que não são nada saudáveis. De vez em quando eu me vejo brigando com alguém na rua porque algum comportamento não me agradou. A briga acontece só na minha cabeça e eu, que sou o dono da história, sempre venço. Noutro dia eu subia pela escada rolante do Metrô e uma senhora super mal educada ralhou com a outra:
__ Sai da frente, sai da frente. Num tá vendo o aviso que tem que ficar do lado direito?
A escada era enorme, quem poderia imaginar que uma pessoa ia querer subir correndo aqueles degraus todos? A pobre coitada que levou a bronca estava completamente desligada, e sem fala ficou. Pois, na minha cabeça, eu brigo com aquela velha mal criada até hoje, toda vez que volto pra casa de Metrô. Já xinguei a bruaca de tudo quanto é nome.

Será que isso é coisa de bipolar?

domingo, 21 de novembro de 2010

VOCÊ SE LEMBRA DA PERERECA?

A bichinha está devidamente e oficialmente relançada a partir de hoje, porque "A Perereca tem poder".
Veja em http://voteperereca.blogspot.com/

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MEUS PROJETOS INACABADOS (3)

Projeto novo é o seguinte: tem que ser muito bem pensado, antes que a gente pule de cabeça na idéia e quebre a cara. Quando a internet ainda engatinhava, imaginei uma agência de publicidade revolucionária: Agência Virtual de Talentos. Corri para comprar o domínio e saí distribuindo e-mails para profissionais e potenciais clientes a torto e a direito. A idéia era formar uma espécie de cooperativa entre criativos e pessoal de planejamento, que trabalhariam em casa, oferecendo aos anunciantes o que havia de melhor, sem os custos operacionais e trabalhistas de uma agência convencional.

Só esqueci de combinar com os russos:
1. não existia banda larga suficiente para intercambiar os trabalhos com qualidade;
2. não existiam as facilidades do Skype ou de videoconferências como existem hoje;
3. os clientes continuavam e continuam exigindo interatividade pessoal e constante com o atendimento, para citar o mínimo;
4. os trabalhos continuam demandando pesquisas e instrumentação de mídia que as agências precisam ter e são caras;
5. trabalhos complexos exigem interatividade pessoal entre todos os profissionais envolvidos.

Moral da História: a Agência Virtual de Talentos talvez seja, em parte, viável hoje em dia. Mas certamente não era naquela época. Ficar empolgado com uma idéia é uma coisa, fazer um planejamento detalhado e factível é outra. Colocar pra funcionar, então... Só posso dizer que o famoso "não desista das suas idéias, não desista dos seus sonhos" é uma postura muito construtiva, desde que abra mão da ilusão.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MEUS PROJETOS INACABADOS (2)

Este talvez seja o melhor de todos, mas ainda não encontrei um político que estivesse disposto a fazer. Quando Mario Covas era candidato a presidente da República, concorrendo com Ulisses Guimarães (mais um bipolar, liderou a Constituinte de 88), Brizola, Maluf, Jânio Quadros, Collor e Lula, eu escrevi para ele: "a eleição será ganha na televisão, por mais atuantes que sejam as estruturas partidárias. Não fosse assim, o Collor não poderia estar liderando."

"Então, como se destacar dos outros, Sr. Covas? A solução está em dizer com clareza o que será feito para moralizar. Detalhar, quantificar a moralização. Detalhar, quantificar as obras. O povo já não ouve, não entende, não acredita nas promessas genéricas. Ouvir qualquer político dizer que as prioridades são saúde, educação, transporte etc., soa assim mesmo, como um etc."

POR UM CRONOGRAMA DE GOVERNO - "O povo não quer generalidades, tipo vou acabar com a corrupção. O povo quer radicalismos: vou botar os marajás na rua. Diga então: Serei empossado no dia x. Até o dia y terei demitido tantos mil funcionários públicos ociosos. A indústria x tem até o dia y para deixar de poluir o rio, caso contrário será fechada. Imponha prazos a si mesmo. Assine embaixo. Faça tremer a audiência. A população anseia por um candidato que seja a negação do político tradicional. Apresente um cronograma de moralização do governo."

O Sr. Covas me agradeceu, fez promessas sérias à população, mas não apresentou o cronograma. Experimente dizer para uma garota que você pretende namorar: vou te procurar. Em outra ocasião, diga: passo na sua casa amanhã às 8 horas. Em qual das duas promessas ela vai acreditar mais? É a data que materializa a proposta.

Resultado: Lula e Collor no segundo turno. E o Collor deu no que deu.

sábado, 6 de novembro de 2010

MEUS PROJETOS INACABADOS (1)

O negócio era criar algo que não existisse. E que desse dinheiro. Como de médico e louco todo mundo tem um pouco, meu sogro, que era um homem muito estudioso, afirmava com convicção:
__ A juventude está perdida, todos usam tenis, o solado de borracha isola todo mundo da energia da terra. Vão adoecer. Quer se salvar? Pise descalço na areia da praia ou na grama e se reconecte com o universo.
Não tão louco assim: é o conceito de "grounding" da Bioenergética.

Levei a sério aquele ensinamento e criei o VitaSola, um solado de borracha que tinha uns pinos de couro em contato com o chão e com uma palmilha também de couro. Consequentemente, com os pés. Estava resolvido o fluxo de energia e o conforto dos tenis se mantinha. Procurei um agente de marcas e patentes, registrei como modelo de utilidade, registrei até no exterior.

Na época, eu era professor na Escola Superior de Propaganda e Marketing-RJ e resolvi testar o conceito. Pedi aos alunos para fazer um trabalho de lançamento do produto. Surgiram idéias notáveis, inclusive a marca e o desenho dos pinos de couro com a simbologia do yin-yang.

Sabendo que tudo que é novo choca e costuma demorar a ser aceito, eu visitava fabricantes de tenis, levava um não atrás do outro, mas não desistia. Até que consegui uma reunião com o gerente industrial da fábrica da Alpargatas, em São José dos Campos. Negativa simples e definitiva, pelo menos para a época:
__ Se eu introduzir este produto aqui, vou atrasar a produção drasticamente. É difícil, oneroso e lento de fazer.

Restou ao VitaSola uma página de registro no INPI, que fui relembrar agora, quando remexi meus alfarrábios para mudar de apartamento. Mas não joguei fora...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

PERSEVERANÇA E ILUSIONISMO

Quando eu ainda estava no Colégio, a cada projeto novo respondia com pouco esforço e uma desistência. Até que um dia tomei consciência de que o sucesso dependia de perseverança. Foi assim, por exemplo, com o meu casamento. Estamos com 39 anos. E foi assim com a minha vida profissional. Diziam, e ainda dizem, que sou leal. Leal porque assumo as responsabilidades e não desisto. Também dizem que trabalho muito - pelas mesmas razões.

Eu sou um grande perseguidor de objetivos e idéias. Mas, como as moedas têm dois lados, há também o lado do ilusionismo. Às vezes, como costuma dizer o meu bom amigo Tavito, somos induzidos ao erro. Participamos de um trabalho coletivo e alguém diz "vai por ali", outros concordam, alguma coisa nos diz que não é bem assim, mas a gente embarca na canoa assim mesmo e... afunda.

Em outras ocasiões, a ilusão vem da nossa própria cabeça. Ficamos entusiasmados com uma idéia e entramos de cabeça sem analisar perfeitamente se ela é própria para o nosso espaço-tempo ou se pode render o suficiente para compensar o nosso investimento em tempo e dinheiro.

Mudei recentemente de moradia e encontrei documentos e anotações sobre projetos que já abracei com toda força e perseverança, mas sem o devido realismo. Já tinha até esquecido. No próximo post vou começar a contar.