domingo, 29 de agosto de 2010

MANIA 1

Eu tinha um amigo em Nova York que admirava muito. Owen Ryan era o nome dele. Inteligente, criativo, e não fazia por menos.
__ I'm a creative person, ele repetia sempre.
Sua agência de publicidade tinha como slogan "an imagination agency".
Nada mais apropriado para exercitar a minha própria imaginação. Diga-se de passagem, eu tinha registrado a marca do cometa Halley no Brasil e nos Estados Unidos, tinha sido uma grande sacada, mas o cometa veio fraquinho, fraquinho e eu fiquei numa frustração de dar dó. Ainda assim, eu também me considerava um gênio, só que não dizia pra todo mundo, como ele.

Mas buscava, obsessivamente, uma nova idéia que me desse a riqueza e a fama que o cometa me recusou.Num período de negligência ao lítio, a cabeça se agitou mais do que devia e eis que de repente, não mais que de repente, comecei a rabiscar uns esquemas que deveriam funcionar como propostas mais que vencedoras para campanhas políticas. Naquela altura, eu já estava elegendo o presidente dos Estados Unidos...

Eu rabiscava uma folha e mandava um fax pra ele. Rabiscava outra e passava outro fax. Faxes e mais faxes, brigando com a minha mulher a cada nova ligação.
__ Você não está entendendo! Isto aqui é único, é genial!
__ Mas o que significa isso? Não tem pé nem cabeça. Você não está bem, Marcelo!
__ Você é que não entende nada que eu faço. O Owen vai entender.
24 horas depois ele ligou lá pra casa, mas não para falar comigo. Chamou a minha mulher, que mal falava inglês. De alguma forma ela entendeu que ele também achou tudo aquilo uma loucura.

E coube a mim ter uma conversinha com o meu psiquiatra...

Nenhum comentário:

Postar um comentário