Certa vez fomos visitar minha irmã, que morava em Angra dos Reis. Os dias estavam lindos, exigindo um passeio de barco por aquele mar paradisíaco.
__ É muita gente, Bete, vê se não aluga um barco muito pequeno.
Foi o mesmo que não dizer nada. Chegamos ao ancoradouro para descobrir que nossas econômicas mulheres tinham alugado uma traineirinha.
__ Tá bom, então vamos.
O passeio ia até a ilha da Gibóia, com 4 adultos, mais a minha mãe, que já estava idosa, e 4 crianças. Contando com o barqueiro, 10 almas naquele barquinho de merda.
O mar por ali é razoavelmente abrigado, a ida foi ótima. Mas a volta... O barqueiro avisou.
__ Seu Marcelo, melhor a gente ir-se embora, que o tempo vai virar.
__ A gente está acabando de almoçar, logo logo vem a conta. Guenta a mão mais um pouquinho.
E ainda tínhamos que matar umas caipirinhas, certo?
Completamente errado. Quando finalmente embarcamos o sudoeste já estava nos nossos calcanhares. E a traineira fazendo o que podia, com o seu motorzinho a diesel: pô pô pô pô pô... Os vagalhões nos jogavam pra lá e pra cá, a água passava por cima das nossas cabeças. O barco era tão pequeno que eu firmava os pés numa lateral e as costas na outra para poder segurar uma criança de cada lado. Minha irmã fazia o mesmo, minha mãe se agarrava como podia, e o barqueiro tentava segurar o leme com cara de caganeira. Eu só pensava o seguinte:
__ Se virar, morremos todos.
E o meu cunhado, onde estava? Deitado de bruços no chão do barco. Anos mais tarde, coitado, se suicidou, não sei bem qual era o problema da cabeça dele.
Naquele dia, foi como diz o ditado:
"Entre mortos e feridos, salvaram-se todos." Mas a imprevidência poderia ter custado caro.
sábado, 14 de agosto de 2010
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