sábado, 14 de agosto de 2010

PREVIDÊNCIA SIM, MEDO NÃO

Certa vez fomos visitar minha irmã, que morava em Angra dos Reis. Os dias estavam lindos, exigindo um passeio de barco por aquele mar paradisíaco.
__ É muita gente, Bete, vê se não aluga um barco muito pequeno.
Foi o mesmo que não dizer nada. Chegamos ao ancoradouro para descobrir que nossas econômicas mulheres tinham alugado uma traineirinha.
__ Tá bom, então vamos.
O passeio ia até a ilha da Gibóia, com 4 adultos, mais a minha mãe, que já estava idosa, e 4 crianças. Contando com o barqueiro, 10 almas naquele barquinho de merda.

O mar por ali é razoavelmente abrigado, a ida foi ótima. Mas a volta... O barqueiro avisou.
__ Seu Marcelo, melhor a gente ir-se embora, que o tempo vai virar.
__ A gente está acabando de almoçar, logo logo vem a conta. Guenta a mão mais um pouquinho.

E ainda tínhamos que matar umas caipirinhas, certo?
Completamente errado. Quando finalmente embarcamos o sudoeste já estava nos nossos calcanhares. E a traineira fazendo o que podia, com o seu motorzinho a diesel: pô pô pô pô pô... Os vagalhões nos jogavam pra lá e pra cá, a água passava por cima das nossas cabeças. O barco era tão pequeno que eu firmava os pés numa lateral e as costas na outra para poder segurar uma criança de cada lado. Minha irmã fazia o mesmo, minha mãe se agarrava como podia, e o barqueiro tentava segurar o leme com cara de caganeira. Eu só pensava o seguinte:
__ Se virar, morremos todos.
E o meu cunhado, onde estava? Deitado de bruços no chão do barco. Anos mais tarde, coitado, se suicidou, não sei bem qual era o problema da cabeça dele.
Naquele dia, foi como diz o ditado:
"Entre mortos e feridos, salvaram-se todos." Mas a imprevidência poderia ter custado caro.

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