sexta-feira, 6 de agosto de 2010

RACIOCINO MELHOR COM UM CHOPP

Não esqueço de quando viajei com o meu amigo Edimarcos de Belo Horizonte até o Rio para passar uns feriados. Eu devia ter uns 19 anos, ele já tinha chegado aos 30, era advogado e tudo mais. Mas, apesar da diferença de idade, a gente se dava muito bem. Nós fomos num Fusca novinho em folha, que ele tinha levado para emplacar em Contagem, onde as taxas eram mais baratas. Só que o município estava com falta de placas e lhe deram uma licença de parabrisa. Demos carona para duas amigas, as irmãs Borges, e viajamos no maior contentamento.

Você pode imaginar quanto tempo durava uma viagem de Belo Horizonte ao Rio, na década de 60, de Fusca 1200? Saímos de manhã cedo, chegamos à noite. Primeira tarefa: levar as irmãs Borges a Jacarepaguá. Erra caminho daqui, erra dali, entregamos as moçoilas por volta da meia noite. Próxima etapa: chegar a Copacabana, onde deveríamos ficar hospedados. Erra daqui, erra dali, começamos tudo de novo, indo até a o centro para pegar o aterro do Flamengo. E, então, o inesperado aconteceu: uma viatura encarregada de furtos e roubos de veículos nos interceptou ali na altura da Cinelândia, não quis ouvir conversa e nos levou para uma delegacia caindo aos pedaços na velha Lapa. O Edimarcos sacou da carteira da OAB, o cidadão do outro lado, que nem delegado era, fez uma cara de desconfiança e a conversa parecia não ter fim. Meu amigo e advogado argumentou que a lei do trânsito era federal, não havia como o Rio recusar uma licença de parabrisa emitida em Minas. O cara começou a ficar embasbacado e, no frigir dos ovos, não sabia se prendia a gente e depois ia ter que pagar o nosso hotel, ou se soltava e o delegado lhe comia o traseiro no dia seguinte. No final, fez a gente assinar um papel que não valia absolutamente nada e nos liberou com carro e tudo.

Ufa! Chegamos a Copacabana. Supostamente, um confortável apartamento na Rua República do Peru nos esperava de camas abertas. Só que eram mais de 4 da madrugada e quedê o porteiro pra gente entrar? Não tinha porteiro, tudo trancado.
__ E agora, Edimarcos, o que vamos fazer?
__ Olha, Marcelo. Tem um boteco aberto ali na esquina. Eu raciocino bem melhor com um chopp.

Aprendi essa importante lição naquela viagem. Também raciocino muito melhor com um chopp. É uma pausa para o bem estar, né não? Na hora do almoço, então, ajuda a quebrar um pouco o estresse do dia, facilita a camaradagem com os colegas, ajuda até a encontrar a alegria.

Mas tem o seguinte: eu raciocino muito pior de 3 chopps para cima. Posso ficar nervoso, não dar mais razão a ninguém, uma danação.

Um comentário:

  1. Espero que o "chopp" enha sido utilizado de forma metafórica, não na pepoca do ocorrido, mas no atual!!!

    ResponderExcluir