segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MEU NAMORO DE VERDADE

Eu tinha 21 anos, um automóvel Fissore e uma pá de hormônios pra consumir. Vivia na farra, gastando todo o dinheiro que sobrava do salário. Morava com meus pais, então só tinha que guardar para a prestação do carro.

Imagine: eu chegava de uma noitada pela manhã quando ela passou indo pra missa. Saltei do carro mais que depressa. Precisava examinar o material.
__ Que gata!
Por ouvir falar, já sabia quem era. Só que ainda não tinha visto de perto. Ela era irmã de uma amiga da minha irmã. Mais tarde, aproveitei uma visita da "cunhada" e mandei o recado:
__ Sua irmã é maravilhosa, hein?!
O recado viajou com precisão. No dia seguinte, quando abri o portão da garagem para tirar o carro e ir para o trabalho, bem em frente à casa dela, a musa apareceu, abriu um sorriso lindo e ficou me esperando completar a operação. Saí dirigindo devagar, quase quebrei o pescoço, quase entrei com o carro no poste. Naquele tempo, para economizar, os mineiros fincavam os postes no meio da rua.

Daí, só faltava vencer a timidez. Flertar era uma coisa, conversar era outra. Todo atrapalhado, criei coragem pra pegar naquele troço meio estranho chamado telefone e consegui soltar um "você quer ir ao cinema amanhã?" Ela topou. Mas os pais mandaram o irmão junto. Por sorte, o cinema estava lotado e ele teve que sentar lá longe. Durante a sessão, segurei sua mão e beijei-lhe o rosto. Só isso. Mas valeu por tudo.

Depois eu conto mais. Só vou antecipar o seguinte: 3 anos depois, aos 24 anos, tive a primeira grande crise de depressão. Já estava casado. Se não fosse a companheira que eu ganhei, sei não...

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