sábado, 28 de agosto de 2010

OS GAYS E EU

Este post é muito mais um pedido de perdão pelos meus preconceitos. Entretanto, há sempre uma ou mais razões para as nossas posturas. Neste caso, explicam, mas não justificam.

Em primeiro lugar, eu fui criado numa sociedade de machos, numa família de machos. Belo Horizonte, os primeiros 10 anos de 1948 a 58. Pai, avós, tios - todos machões. Aliás, nem era preciso insistir muito naquela macheza toda, pois a sociedade já era assim. Não me lembro de ter conhecido nenhum gay até fazer o ginásio - assim mesmo os poucos que existiam não se declaravam.

Mas acontecia uma coisa deplorável. Meu pai trabalhava na RKO Radio Films e, por isso, eu não pagava ingressos nos cinemas. Quase toda tarde eu ia ao cinema. Me lembro que a minha mesada se limitava ao preço das passagens de bonde para ir ao cinema. De vez em quando eu driblava o cobrador e sobrava pra pipoca. Mas isso é uma outra história. O que importa agora é contar que, no escuro do cinema, de vez em quando vinham uns caras de terno lançar a mão sobre a minha bargilha. Eu tinha horror daqueles caras, me levantava correndo pra sentar em outro lugar. E às vezes eles vinham atrás, eu tinha que correr de novo, pois não tinha coragem de fazer um escândalo.

Muitos anos mais tarde, fui trabalhar em agências de publicidade que empregavam vários gays. Eram caras notáveis, inteligentes, criativos e geralmente muito divertidos. Não posso dizer que perdi os preconceitos. Quando algum deles comete algum deslize, fico achando que são todos assim. Mas não são. E eu convivo, procuro ser simpático, mas ainda está faltando humanidade.

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