quarta-feira, 1 de setembro de 2010

MANIA 2

Houve uma fase em minha vida em que eu estava quebrado, quebrado. Morava num apartamento maravilhoso no Alto Leblon e sentia que ia ter que mudar. Mas ainda não estava decidido, eu ainda nutria esperanças de novos ganhos, novos negócios, alguma salvação.

Foi quando comecei a deixar o agnosticismo, precisava procurar algum apoio espiritual. Eu falava com médiuns, me davam passes espíritas, eu lia Kardec, obras de teosofia, procurava entender o budismo, enfim, a busca era grande, mas não passava do racional. Sentir mesmo, como deveria sentir, eu não sentia.

Viaja pra cá, viaja pra lá, tenta um negócio aqui, tenta outro lá, a maré tá ruim, nada dá certo, fica longe da família, tenta rezar, esquece de tomar o remédio - precisa mais? Lá vem mais um episódio de euforia.

Domingo, duas horas da manhã, eu acordo a minha mulher.
__ Dôia, olha aquela luzinha ali pela persiana.
__ O que é que tem, Marcelo? Deixa eu dormir.
É meu anjo da guarda, Dôia. Ele veio falar comigo.
__ Não tem nada aí, querido. É só a persiana que ficou meio aberta.
__ Não é não, Dôia. É a luz dele. Ele tem uma estrela na testa.
__ Ai meu Deus, vai começar tudo de novo!

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