sábado, 5 de junho de 2010

Este blog surgiu do livro do mesmo nome, editado pela Record. A intenção é discutir a bipolaridade com os leitores, mostrar que é possível conviver muito bem com ela, desmistificar o problema, desfazer preconceitos.

Mas é preciso que se entenda que eu não sou médico. Sou apenas um bipolar que tem uma experiência de vida para dividir. Quando surgir por aqui alguma questão que eu não saiba responder, vou procurar um psiquiatra ou terapeuta que possa me ajudar.

Olha, se você é um de nós, saiba que já recebeu uma grande benesse, pelo menos na terminologia. Antigamente eu era psicótico maníaco depressivo. Já pensou? Sou PMD, quero casar com a sua filha. Sou PMD, me dá um empreguinho aí? De uns tempos para cá passaram a dizer que eu tenho um transtorno bipolar. Nem doença é, só um transtorno, e que transtorno!

Mas já fica mais fácil ser aceito. Também é bom que se saiba que inúmeras personalidades muito bem sucedidas em suas profissões são ou foram bipolares: Francis Ford Coppola, Tim Burton, Elizabeth Taylor, Jim Carrey, Tom Waits, Robin Williams, Axl Rose, Salvador Dali, Marilyn Monroe, Elvis Presley. E mais: Mark Twain, Theodore Roosevelt, Winston Churchill, Rosemary Clooney, Sylvia Plath, Isaac Newton, Carrie Fisher, Jean Claude Van Dam, Beethoven, Ernest Hemingway, DMX, Patty Duke, Ralph Waldo Emerson, Peter Gabriel, Cherri Oteri. Quer mais?

Só não sei se são ou se foram felizes. Mas tenho certeza de que é possível ser.


FRANCIS FORD COPPOLA É BIPOLAR




Olha a cara dele aí. Talentoso pacas. Ítalo-americano, nasceu em Detroit em 1939, filho de gente das artes. Pouca gente sabe, também é tio do Nicolas Cage.

Nosso herói começou a vida sofrendo uma poliomielite, logo aos dez anos, o que não o impediu de se tornar um dos maiores nomes do cinema. Aos 31 anos já tinha escrito Patton e seu famoso discurso inicial às tropas americanas:
__ “Agora eu quero que vocês se lembrem que nenhum bastardo jamais ganhou uma Guerra morrendo por seu país. Ele ganhou a guerra fazendo o outro pobre bastardo morrer pelo seu país.”

Seu maior feito foi roteirizar e dirigir O Poderoso Chefão (parte I e II), todos dois ganhadores do Oscar de melhor filme. Coppola foi indicado 14 vezes ao Oscar e 5 vezes à Palma de Ouro em Cannes. Antes disso, fez até filmes pornográficos. E depois fez Apocalypse Now, que por pouco não lhe levou à falência.

Bipolar tem essas coisas, às vezes um determinado projeto lhe leva à mais completa obsessão, ele investe mais do que deveria e depois se encrenca com as realidades que não vislumbrou e com as contas. Apocalypse Now custou US$31 milhões, foi filmado em 4 anos, sendo 18 meses na selva, já pensou? Não preciso dizer que as dívidas decorrentes levaram Coppola a trabalhar para terceiros. Mas nos anos 90, depois de alguns filmes muito criticados quanto à concepção e qualidade, ele deu a volta por cima, fez O Poderoso Chefão 3 e faturou US$82 milhões com Drácula em poucas semanas.

Sua vida não se restringe ao cinema. Já se dedicou ao ramo de restaurantes e a uma vinícola no vale do Napa, na Califórnia. Ao mesmo tempo, foi visto em Buenos Aires, em 2009, selecionando atores para um novo filme, o que demonstra um dinamismo acentuado. É o que eu digo sempre: a bipolaridade nos leva a uma grande ansiedade por criar ou fazer coisas novas.

O transtorno de Coppola aparece em um making of de Apocalypse Now. Sua mulher escreveu: "Eu acho que ele teve uma espécie de crise nervosa." O próprio Coppola notou que pouco a pouco foi ficando doido, numa referência às dificuldades da filmagem. Biógrafos se referiram à carreira de Francis Coppola como um surgir e ressurgir. Criações brilhantes e de baixa categoria se alternaram, embora as brilhantes prevalecessem.

E quando perguntaram a ele qual o atributo mais importante de um cineasta, a resposta foi simples: "Coragem. Coragem quanto a seus instintos e suas idéias, porque senão você simplesmente se submete e muda. E as coisas que podem se tornar memoráveis estarão perdidas.”

4 comentários:

  1. Já acabei de ler o livro, primeiramente me pareceu ficção...esse Marcelo que conheço... calmo, tranquilo, generoso, ou seria essa ultima qualidade que disfarça as outras duas? Me interessei muito porque minha mãe tb era bipolar. O assunto é sério, mas contado de uma forma leve e engraçada. Me divertí com as histórias do Fabinho (criação MPM) e outras passadas neste periodo que trabahamos juntos. Sua história é digna de admiração e respeito e o livro pelo que já soube caminha para o sucesso. 1 bj e parabéns

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  2. Marcelo, adorei o livro. Não sabia da sua bipolaridade! Você sempre passou uma imagem de equilíbrio tão forte! Lítio? Não importa. Achei interessante a sua trajetória de vida, o amor pela Doia, seus filhos e netos. Não esperava diferente de você. Já trabalhamos juntos e você sempre foi um exemplo para nós todos. Achei ótimo o blog. Vamos acompanhando suas crônicas por aqui! Beijos!

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  3. Elogio de vocês não vale. Vocês são muito fofas.

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  4. Vi que você está seguindo meu blog e então vim aqui conhecer seu blog, resolvi começar do princípio. Metódico? Um pouco...

    Bem, já conhecia seu livro, de nome, confesso que ainda não o li, ando sem tempo por conta da faculdade (fim de período é um corre-corre) e com alguns livros na fila pra serem lidos. Rsrsrs... Mas as férias estão chegando, mais tempo livre, quem sabe né?!

    Você citou que não era médico, ah, relaxa, nem mesmo um médico sabe tudo sobre bipolaridade, ninguém o sabe. Você como bipolar certamente sabe bastante coisa sobre o assunto, mais do que saber, você sente na pele e vive a bipolaridade no seu cotidiano.

    E por falar nisso (pessoas que não são médicas mas tratam de determinado assunto médico com maestria) lembrei-me que amanhã publico uma postagem sobre o livro que li no semestre passado, chama-se "Mãe, me ensina a conversar - Vencendo o autismo com amor". Não sei se conheces ou mesmo se você se interessa por outros assuntos psiquiátricos que não seja a bipolaridade, mas citei a obra porque foi escrito por uma mulher que não é médica, mas é MÃE de um garoto Autista.

    E quem pode dizer que ela sabe menos que um médico sobre o assunto? Pode até saber menos da parte fisiológica, mas de todo o resto ela sabe bastante pois como você ela vive diariamente a realidade que os médicos apenas estudam em livros e veem casos e mais casos nos seus consultórios.

    Se tiver interesse leia amanhã no Mente Hiperativa, é uma obra-prima.

    Bom, eu falo demais, acho que você já percebeu, agora vou ler mais postagens suas. E comentar.

    Abraço.

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