segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E ENTÃO, UM DIA A GENTE MORRE

Quando eu era pequeno, morava perto do cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte. Quando tinha um enterro de rico, com muitos carros, ia lá ver e fazia de conta que todo aquele choro não me afetava. Depois, perdi minha irmã, outros parentes e amigos. Devo dizer que os velórios e enterros me incomodavam e muito. Tanto é que não vou mais. Não quis ver nem a partida dos meus avós paternos e da minha mãe.

Agora, aos 62 anos, acho que ainda tenho saúde para viver bastante, mas não consigo escapar do pensamento de que vou morrer. Jamais, quando fiquei deprimido, pensei em suicídio, nada disso. Pelo contrário, sempre vivi como se a morte jamais fosse chegar. Era um assunto permanentemente deletado, mas a idade faz lembrar.

Então, eu resolvi o seguinte: vou doar meus órgãos, se estiverem bons. Ou o corpo inteiro, para uma faculdade de medicina, se os órgãos já estiverem meio falidos. Não sei se há ou se não há vida após a morte. Mas o corpo físico, com certeza, perdura um pouco. Então, vamos dar a ele algum proveito. É como livro que vende pouco. Se os direitos autorais não compensam, vamos doar os livros que sobrarem.

2 comentários:

  1. Pensar na morte... E acreditar que ela é algo totalmente absoluta. As vezes prefiro não pensar sobre ela, as vezes sei que ela pensa sobre mim, isso soou estranho, não?
    Então adorei aqui e o modo como o senhor escreve, estou a seguir-te

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  2. Eu às vezes coloco aqui um comentário e, quando vou ver, ficou em branco. Coisas da tecnologia, ou da minha falta de afinidade com ela. Mas eu acho que respondi você Srta Vihh. Queria agradecer a sua simpatia.

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