domingo, 5 de setembro de 2010

BIPOLAR, SURDO E GENIAL

Imagine um sujeito que nasceu em 1770, que poderia ser classificado hoje como hipomaníaco, mas que não podia se tratar adequadamente, pois os remédios mais eficazes para bipolares surgiram 200 anos depois. O Dr. Diogo Lara, em "Temperamento forte e bipolaridade" (Ed. Saraiva), descreve algumas características do comportamento hipomaníaco: exibicionista, exagerado, dramático, muita energia e pouco sono, impulsivo, briga por motivos pequenos, não aceita posições contrárias, interage pouco, às vezes se perde com mil planos.

Alguma semelhança com a biografia de Beethoven, ou não? Sobre ele Goethe escreveu que era uma criatura completamente indomável. Amava a liberdade, não aceitava regras predeterminadas.

Como muitos outros bipolares que não tiveram acesso aos tratamentos modernos, Beethoven bebia demais. Era uma forma de esquecer a surdez, ou de tentar driblar as depressões. Morreu intoxicado. Depois de ler as suas cartas, da autópsia e da análise do seu cabelo, o Dr. François Mai, do Chicago's McCrone Research Institute, descobriu que a surdez era apenas um dos sintomas do compositor, que incluia doenças gastrointestinais, problemas com os olhos e com a respiração, além dos seus transtornos mentais.

Nada disso, entretanto, impediu a sua genialidade. Se você duvida, ponha para tocar a Nona Sinfonia e sinta do que um bipolar é capaz.

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