domingo, 26 de setembro de 2010

O DESLIGADO

Meu pai um dia foi carregar o carro e deixou uma das malas no meio da rua. Diziam que era porque ele era filho único, se acostumou a ter sempre a mãe por perto para ajudar em tudo. Eu também fui filho único durante quase 7 anos. De vez em quando faço uma dessas.

Outro dia peguei um taxi em Copacabana em direção ao Galeão. Meu destino era Belo Horizonte, tinha um casamento que não podia perder. Quando cheguei ao aeroporto, quedê a carteira? Não dava tempo de voltar, não dava tempo de mandar buscar, era ir ou não ir ao casamento. Resolvi ir. Convenci o taxista a voltar a Copacabana e cobrar a conta da minha mulher. E entrei no aeroporto sem nem um documento, sem nem um tostão. Hoje em dia eles estão mais rígidos mas, há alguns meses atrás, não foi tão difícil convencer a moça do check in a me deixar embarcar sem a carteira de identidade.

Cheguei a Bhte. Meu estava me esperando, pedi um dinheirinho emprestado, tudo bem. Restava o casamento: tinha que dirigir até a casa de festas e voltar. Era longe, e carteira de motorista não havia. Fui assim mesmo. Nenhuma blitz.

Na volta, o garoto do check in estranhou:
__ Mas o senhor não tem nenhuma carteira de identidade?
__ Meu filho, a rigor, a rigor, eu não tenho nem eu hoje em dia!

Sei lá o que significava essa frase, mas ele me deixou embarcar.

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