sábado, 1 de janeiro de 2011

FALANDO SOBRE FELICIDADE (2)

Vou começar por aquele "dividido” que deixei no ar no post passado. Como vocês sabem, sou publicitário. Consequentemente, um estudioso das relações de consumo, que eu considero da seguinte forma: nós vivemos em sociedade, realizamos em sociedade, somos presas da nossa aceitação social. O desenvolvimento fantástico da internet é mais uma prova da nossa necessidade de encontrar um espaço para conseguir exposição, exercer a nossa vaidade e a nossa vontade de expor e trocar idéias, enfim, ampliar o nosso espaço social.

Com o consumo não é diferente: cada grupo se expressa de uma determinada maneira e o indivíduo sinaliza que está inserido ali pelas roupas que usa, pelas coisas que compra, pelos alimentos que prefere. O consumo é, portanto, um fator cultural. E é também um fator de cidadania. Basta faltar meios para se vestir ou se alimentar apropriadamente para que o indivíduo sinta-se à margem do grupo social a que gostaria de pertencer.

Ter não é fator de felicidade, todo mundo já falou isso. Porém, não ter pode ser fator de infelicidade. Cabe a cada um impor limites ao seu próprio consumo, para não ficar escravizado a ele. Evitar excessos e desperdícios, ter a exata noção do nível de consumo que é apropriado ao seu grupo social e à sua própria renda.

De algumas décadas para cá, surgiram movimentos de consumo consciente, consumo sustentável, consumo saudável. Pode ser muito gratificante saber que, de alguma forma, podemos colaborar para que essas novas formas de consciência sejam postas em prática. Mas também aqui é preciso evitar os excessos: na economia que conhecemos, ainda não é recomendável reduzir o consumo a níveis que vão penalizar os empregos e a renda. Seria uma forma de equalizar todo mundo na miséria.

Em resumo: ser é melhor do que ter, mas é preciso lutar para ter o básico em relação ao nosso grupo social. E, estando inseridos nesse meio social, dividir as nossas alegrias, buscar apoio para as nossas tristezas, oferecer conhecimento, dividir o que nos sobra e até mesmo o que nos faz falta. É muito gratificante construir.

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