sábado, 8 de janeiro de 2011

FALANDO SOBRE FELICIDADE (3)

Completamente fora dos nossos padrões atuais viviam meus avós paternos. Ele era pintor de paredes, ela era lavadeira. Tinham um filho único, meu pai, mas os tempos eram difíceis até para uma família pequena. Estamos falando dos anos 20, numa vila na periferia de Belo Horizonte. Meu avô tratou de melhorar a subsistência da família construindo, com as próprias mãos, a casa onde moravam, enquanto minha avó plantava todas as mudas de árvores frutíferas que encontrava, além da horta, é claro.

Pela mais absoluta ignorância, meu avô posicionou a família com ambição mínima. Se meu pai havia completado o curso primário, de estudos não precisava mais. Hora de trabalhar. Se ganhava uma roupa nova no dia do aniversário, melhor guardar. Pra que usar uma roupa tão nova? Se cruzava a cidade a pé para levar frutas para os netos e o sol estava muito quente, deitava debaixo de uma árvore, na calçada, ali mesmo estava bom.

Meus avós viviam felizes, com a sua casinha, com as suas plantas e por completa falta de ambição. Não havia a ansiedade do querer mais. Suas preocupações eram com o filho já casado e com os netos, seus únicos temores, pois aqueles estavam desgarrados, eles não podiam controlar.

Até que vovô ficou velho, já não pintava casas, minha avó também não lavava mais roupas para fora, faltou o dinheiro que a aposentadoria não era capaz de suprir. Faltou dinheiro para o básico, a comida, principalmente. Meu pai percebeu e passou a complementar. Mas não foi o suficiente. Meus avós foram vítimas da perda de dignidade, daquele amor próprio de quem fez a vida “sem precisar de ninguém”. E adoeceram.

O que esta história me diz é que, por mais ideal que possa parecer, a felicidade depende de suprir as necessidades básicas do físico e também aquelas do coração: o amor próprio é uma delas.

2 comentários:

  1. Pelo que você contou, acho que está no caminho certo. Tem muita coisa boa na bipolaridade que a gente pode explorar. Continue no médico e nos remédios que dão certo, você vai ver.
    Abs,

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  2. Olá
    Sei que a busca de um profissional sensivel e competente, não é fãcil. Agradeceria a indicação de seu médico. PODERIA AUXILIAR-ME?
    Grata, abçs e sucesso em seu caminho.
    Geotgia

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