quinta-feira, 21 de abril de 2011

BULLYING. SERÁ QUE NÃO ESTÃO EXAGERANDO?

Resolvi falar desse tal de bullying que, para mim, chega a ser incompreensível em muitos aspectos. Que me expliquem, por favor, os psicólogos. O Globo de 18/4/2011 traz uma pesquisa dizendo que 40,4% dos alunos matriculados até a oitava série nas escolas do Rio dizem ter sido vítimas de buylling. Por exemplo:
- apelidos que magoam – 42,7%
- deboche coletivo – 18,8%
- ofensas pessoais – 13,7%
- humilhações públicas – 9,9%
- mensagens agressivas na internet – 1,2%
E, após tudo isso, a agressões físicas (13,4%) e outros (0,3%).

Eu não posso falar das escolas de hoje porque não as conheço. Mas posso dizer como era no meu tempo. Antes de mais nada, ninguém me levava pra escola. Eu ia a pé, de bonde ou de ônibus. Aprendi a me orientar sozinho.

Também não tinha celular para ficar esclarecendo minhas próprias dúvidas a cada minuto, nem para ficar dando satisfações: estou aqui, estou ali, faço isso, faço aquilo. E sempre que eu fazia algo errado em casa, meus pais me batiam. Quando os colegas me batiam na escola, eu batia de volta. Não era nenhuma novidade pra mim.

Me deram também um apelido que eu não gostava: Caubi. Caubi é um cantor supostamente homossexual. E eu não queria ser comparado com ele. O apelido surgiu porque eu gostava mais de ficar no meio das meninas do que no meio de meninos. A técnica: não responder ao apelido. Passou. E agora, que jogue a primeira pedra quem nunca foi xingado ou humilhado. Por que não xinga de volta?

Francamente, queridos pais, limitem o uso do celular nas mãos dos seus filhos, essa verdadeira muleta que inibe o pensamento e a tomada de decisões próprias, deixem eles andarem sozinhos na rua e se virarem. A cidade é violenta, eu sei, mas é a que nós temos. E, mais cedo ou mais tarde, vão nos assaltar, vão roubar nossos carros, vão nos oferecer propinas, vão pedir propinas – é melhor que a gente seja auto didata nisso também: “sobrevivência na selva urbana”.

Eu realmente não posso levar a sério um neto que chega em casa chorando porque um colega debochou dele. Só posso me preocupar pelo fato de que ele ainda não desenvolveu auto estima, ousadia, auto confiança, iniciativa, energia. Isso sim, eu posso tentar melhorar. Ir à escola para resolver um problema que é dele, jamais.

Agora vem a parte mais difícil: agressões físicas. Estamos falando de crianças ou adolescentes do mesmo tamanho? Bate de volta. Sem medo. É um grande batendo no pequeno? No meu tempo a gente apanhava uma pedra e tascava no sujeito. Eu sempre fui meio desajeitado, jamais acertei pra valer. Mas tinha amigos que tiraram sangue da testa de muitos valentões. Um bom chute na canela também funcionava como passaporte para a dignidade. Mas hoje é diferente, eu sei. Os garotos são muito mais fortes, alguns andam até armados. Nesses casos, pedir ajuda é necessário. Mas precisa ter coragem pra pedir ajuda também.

(publicado Ontem por Marcelo Diniz em http://www.webartigos.com)

5 comentários:

  1. As coisas mudam, o tempo muda... A educação que as pessoas da sua geração recebia era mais ou assim: "te vira!" (e eu não faço juízo de valor nisso, teve seu lado bom e seu lado ruim).

    A educação que a minha geração recebeu - que foi dada pela sua - é mais protetora, é aquela educação que enche o filho de atenção, de presentes, que se sente culpada por não ter tempo pra a gurizada, que procura sempre acreditar que o filho é santo, como uma forma de esconder os próprios (possíveis) erros de criação.

    Outro aspecto que deu asas ao Bullying é que a minha geração é extremamente conectada à rede, vocês criaram a internet, mas levaram tempo pra se adaptar a ela, nós já nascemos rodeados de aparatos tecnológicos ao nosso dispor. Nós colocamos vídeos no youtube em poucos segundos, estamos conectados uns aos outros o tempo todo pelas redes sociais do smartphone, conversamos no msn com 12 pessoas simultaneamente. A nossa geração é marcada pela velocidade e informação, e isso ajuda bastante a difundir o bullying, a humilhação, os apelidos.

    No seu tempo a zoação se resumia há 20 minutos do intervalo e com 10 amigos. Hoje a coisa é instantaneamente disseminada pra quem quiser ver, o alcance é imenso, e os danos psicológicos também.

    Além disso a nossa geração sempre escutou o discurso de que violência não leva a nada (embora nem todos tenham ouvido bem), e isso talvez tenha sido reflexo do abuso da violência nas gerações anteriores. Claro que a violência urbana continua, e até cresce, mas me refiro à violência dentro de casa, no colégio, na comunidade, há um discurso de que ela deve ser banida. Hoje em dia se uma criança apanha na escola os pais procuram o diretor e o psicólogo, não é como no tempo de painho em que ele ouvia de vovô: "se chegar em casa apanhado da escola, apanha de novo, pois te dou outra surra". Antes a violência era incitada, hoje é combatida.

    Talvez o bullying tenha sido a forma que encontraram pra manifestar a violência de outra forma, da forma possível; trocou-se a violência física pela psicológica nas escolas.

    Por fim queria comentar que fiz um trabalho sobre a geração Y (nascidos de 1978 a 1999), que naturalmente remeteu a uma análise das gerações anteriores, X (nascidos de 1965 a 1977), Babyboomers(nascidos de 1946 a 1964) e geração tradicional (nascidos até 1945).

    No trabalho a análise das gerações não foi focada no bullying, mas sim no perfil de cada geração, seu comportamento diante do mundo, sua relacão ao contexto histórico em que viveram e as vantagens que apresentam no mercado de trabalho. Caso você se interesse posso te mandar por email pra você ler, até tentei resumir alguma coisa aqui, escrevi o comentário quatro vezes e apaguei todas as vezes, não consegui resumir sete páginas de trabalho em poucas linhas de uma forma que ficasse bem apresentado (MALDITO PERFECCIONISMO).

    PS: Me inspirei aqui em escrever algo sobre o bullying no MH².

    Grande abraço!

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  2. É Marcelo
    Eu fui vítima de bullying e tenho 27 anos. Pensando pelo viés psicológico não fica tão simples como "bater de volta" ou "atirar uma pedra".
    Concordo que se dá muita atenção a um ou dois pontos, quando na verdade é a escola que deveria mudar, afinal nós mudamos e a escola não. Mas não é simples o tema, não mesmo.
    Tenho visto muitos cursos, palestras e seminários destinados ao assunto, além de livros, revistas e sites, e todos os professores consumindo, mesmo sem entender nada, quando a solução é amor, simples assim. Basta olhar para cada aluno, basta se deixar ali no pátio e não no pedestal. Mas, talvez só tenha sobrado o pedestal para o professor, coitado!
    Ou seja, é um complexo sistema, que não pode ser remediado na dor, mas na ferida maior.

    De mais, é sempre bom levantar a polêmica e provocar pensamentos.
    Abraços Marcelo

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  3. Caros Marcelo e Mente Interativa,
    A verdade tem vários pontos de vista, eu não canso de repetir. Foi muito bom ler o ponto de vista de vocês e quero sim, receber o seu e-mail, MI; envia para marcelocpdiniz@uol.com.br.

    Eu só quero manter a minha opinião em um ponto. Essa eu acho que não muda. Os bipolares costumam ter características similares no que diz respeito a ousadia, energia, autoconfiança e iniciativa, entre outras. São características muito positivas quando estamos equilibrados. E sempre foram um bom remédio anti-bullying, penso eu.
    Abs,

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  4. É Mente Hiperativa, e não Interativa kkkkkkkkkkk

    Abraço

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  5. Emquanto professora posso te dizer uma coisa. Trabalhar em escola e em uma guerra, em algumas esclas da na mesma, ou pior. Pq ainda não reconhecem nada do que vc faz e qualquer bronca q vc dê em uma criança ainda é processada. Tô cansada.

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