domingo, 12 de dezembro de 2010

MEU CASAMENTO TEM 39 ANOS

Nos blogs dos bipolares que eu sigo, leio muitas questões existenciais, amores perdidos, amores queridos, amores sublimados, alguns amores realizados. Quase todo mundo é muito jovem em relação aos meus 62 anos e a vida parece estar por se definir, em alguns casos.

Eu vou dizer da minha experiência, serviu para mim, não sei se vai servir para mais alguém. Quando eu comecei a namorar a Dôia, primeiro foi por causa do seu sorriso e da sua beleza, depois foi porque eu gostava de estar com ela. O convívio me mostrou várias diferenças, até mesmo alguns defeitos que me desgostavam muito. Mas eu também não tinha os meus? Resolvi deixar de prestar atenção nos defeitos. Um único beijo valia mais do que aquilo tudo.

O namoro foi progredindo e tivemos a sorte de estar numa época em que o país progredia, não havia problema de emprego nem restrições sérias de dinheiro, pelo menos para os nossos padrões. Estávamos satisfeitos com a nossa classe média e resolvemos casar. Aí aconteceu um negócio importantíssimo, que não teve nada a ver com paixão e outras tramas do coração: nós dois resolvemos que era para sempre. Quando você assume um compromisso desses, todos os problemas podem ser superados. E foram: a escova de dentes fora do lugar, as diferenças de percepção quanto à educação dos filhos, as demais diferenças de toda sorte, as presenças pegajosas, as ausências demoradas, o excesso de tesão, a falta de tesão, as crises financeiras, as culpas, os ciúmes, as doenças - tudo foi superado por uma única postura mútua: compromisso. Compromisso que envolve a aceitação do outro como ele é, compromisso que abre mão do ego, de vez em quando, porque o futuro é preciso.

E o compromisso é para sempre, para o que der e vier. O que resulta numa vida muito construtiva, de um amor que une cada vez mais, porém não é necessariamente uma paixão.

7 comentários:

  1. Bonita história, acho tão legal esses casais que vivem juntos HÁ DÉCADAS, que apesar de tudo, de todas as dificuldades, se mantém unidos. Isso pra mim é louvável! Eu sei que não foram 62 anos num mar de rosas, mas o que importa é que vocês superaram juntos os maus momentos e não se entregaram às circunstâncias difíceis.

    Lembro-me dos meus avós, minha vó é falecida há 7 anos e mesmo com as diferenças entre ela e vovô -que SEMPRE existem em qualquer casal- eles permaneceram firmemente juntos até que a morte os separasse.

    Eu era apenas um guri, mas já achava tão bonito quando vovô chegava tarde da noite em casa e vovó, que já tava na cama cochilando, se levantava pra botar o café dele. Ela não se preocupava em saber onde ele estava, ou em brigar, discutir, ela simplesmente botava o jantar dele e ficava na mesa o contemplando. Ela tinha PRAZER em cuidar do seu marido. Tem coisa mais bonita que isso? O que mais um homem pode querer???

    No almoço ela preparava algo especial pra ele e ficava perguntando se ele gostou, até ele elogiar o seu prato. Engraçado era quando ele dizia que tava ruim, fazia isso pra provocá-la, mas fazia com uma cara bem séria e não se desmentia, de modo que todos nós (inclusive vovó) acreditávamos que ele achou ruim aquele prato que ela fez com tanto amor e carinho.

    Mas pensa que ela deixava de agradar ele por causa disso? Pensa que ela ficava chateada?
    NÃO, jamais.

    É esse amor sincero e verdadeiro que eu admiro, é um desse que quero pra mim, esse sim é amor pra vida toda. Infelizmente não é o que eu encontro por aí cotidianamente.

    O amor na minha vida nunca foi uma coisa simples, sempre é conturbado, em grande parte por minha causa; talvez pelo meu gênio ou meu minhas oscilações de humor, me torno uma pessoa difícil. O engraçado da história é que em geral as pessoas que estão com alguém de humor instável é que desistem da relação, justamente porque não aguentam esses altos e baixos, mas comigo é o contrário, EU que não aguento isso tudo. Complicado....

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  2. Eita, eu coloquei 62 anos, mas era 39. Foi mal... Confundi sua idade com o tempo de casamento. rssrs

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  3. Olá Marcelo!

    Gostei de ler suas histórias, fiquei lendo uns posts antigos, e me encantei. Muito bacana tudo que escreveu, muito corajoso também. Gosto de pessoas com fibra e coragem, e senti isso em você. Meus parabéns, caríssimo!

    Um beijo

    Carla

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  4. Eu ainda vou perder a paciência com essa tal de tecnologia da informação. Já postei esses comentários 3 vezes e eles teimam e não aparecer, ou eu teimo em errar, sei lá.

    Então, como dizem os meus netos, "de novo":

    Adorei a história dos avós do "Mente Hiperativa". E tenho algumas idéias para oferecer, umas perguntas.
    1. Por que será que ela (ele) é ou age assim? Qual é a sua razão? Se existe uma razão, fica mais fácil aceitar.
    2. Por que eu não posso abrir mão de mim, de vez em quando?

    -x-x-x-x-x-x-x-
    Bem vinda Carla. Muito obrigado pelas suas palavras.

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  5. Minha vida tem sido um vazio.
    Meu problema basicamente são as hipomanias. Transferi essa obsessão para o trabalho. E achei que só poderia casar e dar segurança a uma família quando estivesse estabilizado. Porém a fuga de idéias não me permite focar em um só projeto. Faço tudo de uma vez e ao mesmo tempo nada. Vinha até bem quando aos 36 anos quebrei uma firma onde eu faturava 300 mil por mês. Mas n me sobrava nada. Meu irmão que era meu sócio só fazia dívidas. Meu plano era fazer 1 milhão até os 40 anos. Aos 37 vi meu plano ruir graças as dívidas que meu irmão abriu e não tive peito para enfrentar a situação. Resultado: Insônia e depressão profunda. Foi ai que veio o diagnóstico, já que meu pai é bipolar tipo 1.
    Meus relacionamentos duram de dois a tres anos e ja perco a graça. Vem um graqnde vazio. è como se a vida faltasse sal. Por isso não consigo estabilizar em uma relação e constituir família.
    Hoje estou me tratando, abrindo uma nova firma sozinho. Vou ver o que sobra, pra resolver se fico com minha atual "namorida" já que ela mora comigo, ou se recomeço minha vida do zero.
    Abraço, Diário Bipolar.

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  6. "Por que será que ela (ele) é ou age assim? Qual é a sua razão? Se existe uma razão, fica mais fácil aceitar."

    O amor ajuda...

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  7. Não existe um ser humano sem problemas, muito menos sem emoções. Todo mundo sabe disso, não precisa ser bipolar. A chave de tudo é lidar com essas oscilações com serenidade. Dificil pra caramba, mas com o firme propósito do auto-conhecimento, com muita vontade de melhorar e com a ajuda de terceiros, medicina inclusive, a gente chega perto.

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