quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A PERERECA SAIU DE FÉRIAS















Lembra daquele site que eu criei, www.voteperereca.com.br? Pois é, nós resolvemos dar um tempo nessas eleições. Mas a Perereca vai voltar pra meter o pau na corrupção. Porque a Perereca tem poder! Aguarde.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CUIDADO COM A AGRESSIVIDADE

O equilíbrio é uma linha muito tênue. E, mesmo medicados, não estamos imunes às emoções. Olha só a confusão que eu aprontei no aeroporto de Congonhas outro dia mesmo. Estava cheio de pressa, na fila do caixa eletrônico para tirar dinheiro para as despesas. Tinha um rapaz na minha frente e um casal de amigos ou namorados utilizando o caixa. Eles riam, colocavam o cartão, tiravam, colocavam outro, faziam uma operação, riam de novo - aquele troço não acabava nunca.
Fiquei irritado e gritei:
__ Olha aí, vocês dois, se estiverem precisando de ajuda, falem!
O rapaz, nada fraco, virou-se com cara de poucos amigos.
__ O que é que você tem com isso?
__ Tenho tudo a ver, estou na fila!
Ele virou de costas e a moça procurou justificar:
__ A gente tá demorando porque somos dois, tá?
E o cara emendou:
__ Daqui a pouco vai ficar tudinho pra você, tudinho.
Nesse momento, o rapaz que estava na minha frente tomou as dores:
__ Você fala assim porque é um senhor. Vai falar isso comigo?
E eu me enchi de marra:
__ Comigo também não fala não!

Maldito DNA. O casal foi embora, a senhora ao lado disse que São Paulo deixava todo mundo estressado, tirei meu dinheiro e fui pegar um taxi. Sabe aqueles rapazes que pegam as nossas malas para colocar no carro? Advinhe se o meu desafeto era um deles...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

VOCÊ QUER CONTINUAR BIPOLAR OU NÃO? (4)

Eu quero. Sabe por que? Porque consegui chegar ao equilíbrio. Cheguei ao equilíbrio porque tomo meus remédios todo dia, e não abro mão. Cheguei ao equilíbrio também porque consegui ter uma vida estável com a minha família, meus amigos, meu trabalho. E, no meu caso, sono é fundamental. Então eu durmo 7/8 horas por noite, e também não abro mão.

O psiquiatra Diogo Lara, que eu sempre cito por aqui, diz que os bipolares podem apresentar ousadia, criatividade, entusiasmo e energia, sedução e carisma, têm vocação para a conquista, pensamento rápido e versátil, liderança, inovação, visão, capacidade de motivação e automotivação, otimismo, esperança e autoconfiança.

Nem todos apresentam tudo isso, mas podem apresentar. Já pensou escrever um currículo assim? Sou bipolar, consequentemente sou ousado, criativo etc.

Calma, nem tudo são flores. Diga ao seu futuro empregador, sócio, parceiro, amigo, amor: sou bipolar sim. Consegui o equilíbrio e posso aproveitar todas as boas características da minha natureza.

Pelé sempre soube onde estava o gol. Sempre jogou em direção ao gol. Os bipolares também jogam no ataque. Mas nem sempre percebem que o gol está no equilíbrio.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

VOCÊ QUER CONTINUAR BIPOLAR OU NÃO? (3)

Na última postagem eu coloquei 2 qualidades que são comuns aos bipolares e que me ajudaram bastante na vida: coragem e criatividade. Claro está que se eu não estivesse equilibrado, a coragem poderia se tornar temeridade e a criatividade poderia desaguar em algum projeto sem qualquer sentido, uma ilusão.

Eu também disse que a falta de dinheiro, em alguns períodos da minha vida, me fizeram sofrer mais do que o transtorno bipolar. Falta de dinheiro diz respeito a perdas, e também a ir deitar com o peito apertado sem saber como resolver os problemas do dia seguinte, do mês seguinte, do ano seguinte.

Jamais deixei de perseguir as soluções. Acho que essa perseverança, essa energia para o trabalho também tem a ver com certos bipolares. Mas algum alívio eu encontrei na busca espiritual. Procurei mediuns que me confortavam e me apresentavam outros caminhos. Eu acreditava desconfiando, mas de alguma forma me faziam bem. E li muito: auto-ajuda, new age, Kardec, cabala, cristianismo, filosofia - tudo foi importante para eu me conhecer melhor e, de uma certa forma, funcionar como meu próprio psicanalista. E quando encontrava soluções no trabalho, céu azul novamente.

A gente toma remédios e, depois de algum tempo, resolve a parte química do transtorno. Mas o equilíbrio não vem só daí. É preciso estar bem com a família, com os amigos, com a profissão. Se não está, a ajuda de um psicoterapeuta é necessária. Ou então, o autoconhecimento, que promove uma certa sabedoria nas relações. Todos nós temos esse poder.

sábado, 16 de outubro de 2010

VOCÊ QUER CONTINUAR BIPOLAR OU NÃO? (2)

Lancei o desafio e só uma pessoa respondeu. Foi um sonoro NÃO!

E agora? Eu digo que sim. E explico porque. Os maiores problemas que eu tive na vida não foram por causa da minha bipolaridade, foram por causa de dinheiro. Até os 24 anos de idade eu não havia sido diagnosticado. Tive umas crises de depressão, mas foram passageiras. Por outro lado, naquela época emprego não faltava, eu estava bem. Quando tive minha primeira grande depressão e fui parar no hospital já era casado, tinha uma filha e era gerente distrital de uma grande empresa. Até os 30 anos o transtorno incomodou bastante. Os remédios não eram ideais e o humor subia e descia toda hora. Mas quando me transferiram para o Rio de Janeiro, comecei a tomar o lítio e o céu voltou a ficar azul.

Importante voltar a dizer: ninguém deixa de ser bipolar só porque atingiu o equilíbrio. As características da personalidade ficam. E são muito boas, se a gente está controlado. Foi por causa delas que eu tive coragem de abandonar um emprego de 12 anos para montar o marketing do Cometa Halley. E também foi por causa delas que eu tive um enorme prazer de criar e trabalhar naquele projeto.

Quando o cometa (não) passou, em 1986, veio a primeira crise financeira. Muito mais sofrida do que ficar 45 dias no hospital. Depois eu conto o resto...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

COMO A GENTE SE ENGANA!

Quem já leu o meu livro sabe que eu era um turrão comigo mesmo. Não havia maneira de viver bem com as contrariedades - viessem do exterior ou da minha própria cabeça, dos meus preconceitos, das minhas posições irredutíveis. A vantagem é que, com o tempo e um pouco de esforço próprio, isso passa.

Só pra exemplificar, certa vez me deram um estagiário. E ele errava seguidamente. Chamei para uma conversa:
__ Você tem certeza que o seu negócio é publicidade?
__ Tenho, eu adoro publicidade.
__ Quem sabe seu pai não abre pra você uma loja de tecidos, não é o negócio da sua familia?
__ Não é isso, é que eu estou vivendo uma série de problemas particulares lá em casa...
Eu não quis saber. Subi pra falar com meu chefe e determinei.
__ Eu quero mandar o Fulano embora.
__ Marcelo, você simplesmente não pode mandar o Fulano embora.
Existiam lá uns assuntos de amizade que eu também não quis saber. Desci as escadas fulo da vida e não havia meio de tratar bem o coitado.

Pra encurtar a história: pouco tempo depois transferiram o estagiário para outro departamento, os problemas particulares foram sanados, ele foi progredindo, progredindo, progredindo - hoje deve ganhar o dobro do que eu ganho com pouco mais da metade da minha idade.

"No hard feelings". Ele é o rei da simpatia e ficamos muito amigos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

VOCÊ QUER CONTINUAR BIPOLAR OU NÃO?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PERFECCIONISMO NÃO É BRINQUEDO NÃO

Minha mãe não tinha qualquer doença mental diagnosticada. Mas é certo que não era feliz. Vivia se danando com a limpeza da casa, com a imperfeição das empregadas, com o estilo de vida do meu pai, que era alegre e festeiro, com tudo que não estivesse limpo, perfeitamente organizado, com tudo que não estivesse de acordo com o seu próprio estilo de vida.

Cresci, naturalmente, sendo um misto dos meus pais. Herdei um pouco de cada e a minha esposa sofreu com isso, no início do casamento. De familia italiana bem típica, ela jamais foi um primor de organização e, lembrando as exigências da minha mãe, eu não aceitava uma escova de dentes fora do lugar, para citar só um exemplo. Todos sabem, no início do casamento é comum que se queira moldar o outro à nossa própria feição. Coisas de quem é jovem, coisas de quem ainda não entendeu perfeitamente a unicidade de cada ser humano.

Com o tempo, os casamentos se transformam em ligações duradouras, muito porque as partes aprenderam a ceder.

Mas o que eu queria dizer neste post, em síntese, é o seguinte: perfeccionismo dói. E pode até causar depressões desnecessárias. Quando a gente passa a aceitar nossos próprios defeitos e os dos outros também, pode ser que o trem não chegue no horário, mas a viagem é mais leve.